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Citroën XM: o full size francês
Escrito por: Robson Nunes, jornalista, radialista, proprietário e entusiasta

A Ivxm e o início das importações


No distante 1990, o então Presidente da República, Fernando Collor de Mello, decreta a abertura do mercado brasileiro aos produtos importados e, neste contexto, entra o empresário Sérgio Habib, que já estava ligado ao mercado automotivo e comandava a empresa Automóvel & Cia.  Assim, começa o projeto da Importadora de Veículos XM (Ivxm), que se tornou o distribuidor exclusivo de Citroën no país, de maio de 1991 até o final de 2000.

No portfólio da importadora, em 1991, constava somente o modelo XM como filho único até o ano seguinte. Custando a bagatela de mais de US$ 100 mil, o carro era o topo de linha da marca e exclusividade para poucos, vendendo somente 53 unidades naquele ano. As cinco primeiras unidades foram faturadas por abastados clientes ainda no mês de inauguração das operações, que tinha como sede e showroom, a concessionária Saint Michel, na Avenida Rebouças nº 2707, em São Paulo, que poderia ser contatada pelo fone: (011) 282-9522.

No ano seguinte, é inaugurada a Francecar, a primeira loja com oficina da marca no país. O evento de inauguração contou com a cobertura do apresentador Amaury Júnior. Neste ano, a marca atinge um número mais expressivo nas vendas e com uma maior atuação comercial e um portfólio expandido, comercializa 115 unidades do bólido importado.

Em 1993 são inaugurados mais três revendedores no Brasil, a Lyon em São Paulo, a Saint Germain no Rio de Janeiro e a Chamonix em Belo Horizonte. No ano seguinte, mais duas lojas abrem no Rio de Janeiro, além da revendedora da grife exclusiva chamada Citroën Etiquette, que vendia desde roupas e relógios até objetos variados de decoração e colecionáveis. Nestes dois anos, desembarcaram no país 133 XMs em 1993 e 122 no ano posterior.

O ano de 1995 foi de reinvenção da Ivxm, pois vários ajustes foram feitos para minimizar o impacto do aumento das alíquotas de importação de veículos, que foram dos 32% para os 70%. O número maior de revendas colaborou para os expressivos resultados na distribuição, apesar das dificuldades que o segmento automotivo enfrentava. Desta vez, 72 XMs foram faturados da importadora de Habib.

No ano de 1996, mesmo sob o forte impacto das novas regras do setor, o conglomerado traz somente 19 XMs. No ano seguinte, uma sensível melhora. 24 Xms aportaram em terras tupiniquins, prontos para continuarem a causar frisson seja por seu design único ou pela sua assombrosa tecnologia para a época.

Em 1998, a importadora retorna seus dias de ascensão, com o lançamento do Xsara. Esse grande sucesso em vendas traz uma nova perspectiva para a Ivxm e para a marca Citroën, que anuncia a construção da sua fábrica no Brasil e lança seus primeiros modelos nacionais. Naquele ano, somente 13 XM’s foram comercializados, e nos anos seguintes as vendas do modelo despencaram, totalizando 12 unidades em 1999 e somente três em 2000. Terminava aí a saga do tecnológico full size francês em terras brasileiras.

No final de 2000, alguns departamentos da importadora são transferidos para a montadora e a IVXM encerra as suas operações oficialmente. Posteriormente, é inaugurada em 2001 a fábrica da marca na cidade de Porto Real, no Rio de Janeiro e a Citroën assume as operações de distribuição, nomeação e venda dos carros.

Citroën XM

O primeiro Citroën trazido para o País após a reabertura das importações, destaca-se pelo seu estilo único (baseado em um desenho inicial do lendário estúdio de design Bertone), fruto de estudos detalhados para sugerir movimento, dinamismo e potência. Itens como cintos de segurança dianteiros reguláveis em altura, volante com regulagens de altura e profundidade e comando à distância do rádio na parte central, oferecidos no XM, eram praticamente desconhecidos dos brasileiros em 1991. Além disso, era oferecido de série a Suspensão Hydractive, que permitia alguns modos de regulagem de altura para rodagem e outras inovações para o defasado mercado automobilístico brasileiro na época.

O XM era o topo-de-linha da marca francesa na época em que desembarcou no Brasil. Com uma ampla área envidraçada, ele oferecia excelente visibilidade e iluminação natural. A qualidade do carro e sua ampla gama de equipamentos permitia transportar confortavelmente cinco ocupantes. Além disso, o carro trazia uma novidade: A opção de desbloquear as funções motrizes do veículo após girar a chave na ignição e digitar um código num teclado que ficava ocultado por uma elegante tampa feita com um material que imita madeiras nobres.

Além do efeito estético, o Citroën XM destacava-se pelo espaço no habitáculo. Nele, o lugar reservado a cada passageiro era muito amplo. Banco traseiro rebatível e dividido em duas partes também chamavam a atenção.

Curiosidades:

Em fevereiro 1995, o carro era oferecido pela concessionária Lyon de São Paulo pelo preço de no mínimo US$ 77 mil na versão sedã.

Entre os anos de 1996 e 1997, a Rede Globo de Televisão transmitiu em horário nobre, a novela Rei do Gado. No folhetim, um dos personagens principais, Marcos Mezenga, dirigia um XM ano 1993 modelo 1994, da versão Turbo 2.0 CT, na cor Emeral Green (verde esmeralda), adquirido na concessionária Mirage, em São Paulo. Atualmente, a unidade reside na garagem de um colecionador, em Minas Gerais.

O fundador da Ivxm, Sérgio Habib, foi um dos felizardos donos de XM.

O ator Edson Celulari foi dono de um XM Break na cor Midnight Blue. Atualmente, essa unidade reside no Rio de Janeiro, em bom estado de conservação. A cantora Gal Costa é outra figura do meio artístico que possuiu um XM;

O XM tinha dois vidros posteriores: um na tampa do porta-malas e outro por dentro dela, que não se abria com a tampa para evitar que frio, ruído ou mesmo chuva chegassem aos ocupantes.

No filme Ronin (1998), do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer, um XM de 1995 tem um duro embate em algumas cenas contra um Audi S8, ano 1996.

Inicialmente, o XM vinha somente nas versões 2.0 e V6, em 1993, desembarcaram por aqui as versões Sensation Turbo CT e Exclusive V6, com preços que oscilavam entre US$ 65.800 e US$ 85.200 (em 1993), nessa faixa de preço, competiam contra o BMW 525i, o Honda Legend, o Mercedes-Benz Classe E, o Toyota Camry, e os Volvo 850, 940 e 960.

Foram comercializadas entre 1989 e 2000 334 mil unidades no mundo, sendo destinadas 566 ao Brasil.

Números de importação da Ivxm:

Ano, quantidades e modelos:
1991 53 importados — 53 XM;
1992 238 importados — 115 XM e 123 BX;
1993 1.009 importados — 133 XM, 189 BX, 592 ZX e 95 AX;
1994 2.452 importados — 122 XM, 668 Xantia, 1.518 ZX e 144 AX;
1995 5.882 importados — 18 Evasion, 72 XM, 1.970 Xantia, 11 BX, 3.732 ZX e
79 AX;
1996 2.539 importados — 3 Evasion, 19 XM, 734 Xantia, 1.768 ZX e 14 AX;
1997 2.262 importados — 39 Evasion, 24 XM, 636 Xantia, 1.554 ZX, 1 AX e 8 Jumper;
1998 5.488 importados —67 Evasion, 13 XM, 749 Xantia, 3.760 Xsara, 580 ZX,1 AX, 310 Berlingo e 8 Jumper;
1999 7.269 importados — 102 Evasion, 12 XM, 607 Xantia, 5.934 Xsara e 614 Berlingo;
2000 8.828 importados — 119 Evasion, 3 XM, 638 Xantia, 6.705 Xsara, 1.339 Berlingo e 24 Jumper.

Referências bibliográficas:
https://omecanico.com.br/presidente-da-citroen-deixa-direcao-da-empresa-no-brasil/ <consultado em: 05/11/2019>
http://www1.uol.com.br/economia/business/popupcitroen2.html <consultado em: 05/11/2019>
https://rhautomotive.wordpress.com/tag/grupo-shc/ <consultado em: 05/11/2019>
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/07/dinheiro/2.html <consultado em: 05/11/2019>
http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL416144-9658,00-PRESIDENTE+DA+CITROEN+DO+BRASIL+ANUNCIA+SAIDA+DO+CARGO.html <consultado em: 05/11/2019>
https://www.folhadelondrina.com.br/carro-e-cia/citroen-fecha-98-com-um-otimo-re sultado-de-vendas-118735.html <consultado em: 05/11/2019>